
Especial Rainha do Crime: Morte na Mesopotâmia
A enfermeira Amy Leatheran é contratada para se juntar a uma expedição arqueológica no Iraque. Mas sua função ali tem bem pouco a ver com ruínas e artefatos: ela deve vigiar de perto a bela Louise Leidner, que está cada vez mais apavorada com a ideia de que talvez seu ex-marido não esteja tão morto quanto acreditava. Louise pode estar imaginando coisas. Mas o fato é que, uma semana após a chegada da enfermeira, a mulher é encontrada morta no próprio quarto, e agora cabe a Hercule Poirot identificar o assassino. Quem terá sido? Tudo indica que o culpado está entre os membros da equipe de cientistas.
Agatha Christie não é mais novidade nas minhas prateleiras, é simplesmente a autora com mais titulos na minha estante, mas pela primeira vez entrei em contato com sua obra Morte na Mesopotâmia, publicado em 1936, titulo que trás Poirot em mais um caso que lhe aparece em meio as suas andanças e que antecede suas aventuras narradas em Expresso do Oriente.
Pra começo, esse livro se diferencia das outras obras por ser trazido na forma de narrativa escrita por uma das personagens da história, a enfermeira da morta, Amy Leatheran. Logo, as opiniões e pensamentos de tal personagem são apresentadas de forma bem clara, o que é bem divertido em algumas situações, como a em que ela conhece Poirot e o subestima, o que quem já conhece o bigodudo, sabe ser um grande erro.
Quando a gente o enxerga, dá vontade de rir! Parece um personagem de teatro ou de cinema. Para começo de conversa, não mede mais do que, digamos, 1 metro e 63 – um homenzinho excêntrico e roliço, já bem maduro, com um formidável bigode e a cabeça oval. Parece o cabeleireiro de uma comédia teatral! E era esse sujeito que ia descobrir quem matou a Sra. Leidner!
Assim, conhecemos cada possivel assassino e a própria vitima, uma mulher contraditória e complicada, que gera diferentes sentimentos, indo da adoração ao ódio. Apesar de cada membro das escavações ser apresentado logo que a história se inicia, a princípio eles se embaralham e confundem em nossa cabeça, e só se assentam com o passar da acontecimentos, então é bom ter calma e deixar cada um ganhar vida própria a medida em que se avança na leitura.
Acredito que um grande mérito de Agatha nessa obra é o desenvolvimento das relações humanas que cercam o mistério, é quase como um experimento onde diferentes pessoas são colocadas em um mesmo lugar e uma situação desconfortável, que culmina em assassinato se apresenta, levando todos a serem analisados para se descobrir o que houve. Romances, rixas, vícios, paixões, falhas de caráter, tudo importa, mesmo que no fim não se ligue ao crime.
Poirot é tétrico como sempre, gerando certo desconforto e descrença em seu talento a medida que investiga o assassinato e leva Amy consigo como uma ajudante, o que também gera situações divertidas e por fim uma relação de agradável respeito mutuo.
O mistério corre num crescendo que por vezes é lento e até tende a se arrastar, mas é sempre interessante e te deixa com aquele sentimento de que você está deixando algo passar, que é clássico das obras de Agatha, e que se comprova quando chegamos ao fim e o mistério se revela.
E assim tudo se explica, tudo se encaixa... Com perfeição psicológica.
Não chega a ser o melhor livro da autora, mas ainda assim é bem elaborado, nem narrado e intrigante. Um ótima dica, seja pra inciantes, seja para quem já é adepto do gênero.
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