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A discreta homossexualidade de Coffee Prince


Homossexualidade. Tema polêmico ainda hoje, muito mais quando o contexto é Coreia. E é sobre esse tema que quero falar com vocês porque pode parecer estranho, mas eu o encontrei em um dorama antigo (2007), mas muito bonito e sensível: Coffee Prince.

Aí você pode dizer: "Andye, tá louca? Que homossexualidade você viu em Coffee Prince? É um romance normal como muitos outros e é um HOMEM e uma MULHER."

Okay. Eu vou dizer que concordo, sim, com você, mas também vou dizer que a temática está lá, COM CERTEZA (a menos que eu esteja muito bitolada pelo excesso de doramas que tenho visto).

Como pontuado antes, Coffee Prince tem um enredo bem simples e muito semelhantes a muitas outras comédias românticas coreanas que podemos ter visto ao longo do nosso vídeo: uma garota pobre que trabalha até desfalecer, um rapaz podre de rico, mas que é o rebelde, uma senhora chata que quer porque quer que o rebelde se case e um romance entre os dois regado de muitos desafios, de muitas pessoas contra e chororô. 

Porém, claro, ele não é como todos os outros. A nossa protagonista é uma párea e tem que sustentar a família (o pai morreu e ela é a mais velha da casa) e, para isso, ela decide se vestir de homem para conseguir trabalho com mais facilidade (olha a Coreia machista aqui entrelinhas). 

Sei muito bem que esse não é o único dorama com essa temática. Poderíamos dizer então que outros como To the Beautiful You (2012), Sungkyunkwan Scandal (2010), You're Beautiful (2009) e Bromance (2015-2016) têm também a temática homossexual, mas então vamos dizer porque ELES NÃO TÊM.

Calma, eu vou explicar.

Nos doramas que eu citei acima existe a presença da mulher que se veste do homem, seja para trabalhar, para ter mais facilidade sobre alguma coisa, para vivenciar alguma situação, porque foi "forçada" etc, porém, neles, por mais que a mocinha se esforçasse, ela não conseguia enganar a todos e quando o protagonista se declara, ele já sabe que ela não é ele há séculos.

Em Coffee Prince as coisas caminham bem diferentes.

Han-gyeol (Gong Yoo) é o carinha que falei antes, o que a avó quer que case para controlar as empresas da família, mas ele não está nem aí para essas questões e passa longe de todas as tentativas que a avó inventa, até que é ameaçado por ela (bem típico dos doramas, aiaiai). Ela passa a marcar encontros a cega (adoro essas coisas kkkk) e Han-gyeol se vê preso nas arapucas da mulher. O que ele faz? Sim, ele acha um garoto em um desses encontros e paga para ele se fingir de seu namorado. O garoto? Ele se chama Ko Eun-Chan (Yoon Eun-Hye), nossa protagonista. 

O contrato entre Han-gyeol e Eun-Chan dura algum tempo e ele começa a aparecer em todos os encontros como um namorado apaixonado que não quer perder seu grande amor. Como resultado, Han-gyeol começa a ser visto como gay pela alta sociedade coreana (eita quebra de paradigmas), consegue dar uma rasteira na ideia de casamento da avó e, de quebra, consegue um bom amigo que consegue trazer sucesso sobre tudo o que toca.

A amizade cresce, Eun-Chan é convidado para trabalhar no café de Han-gyeol (onde só trabalham homens) e o relacionamento entre os dois se desenvolve. Por que? Porque Eun-Chan se apaixona por Han-gyeol (e como faz para não se apaixonar por Gong Yoo?) e começa a demonstrar, mesmo sem querer. As conspirações entre os demais funcionários, as dúvidas e pensamentos que são levantados durante essa fase são muito interessantes porque apresentam preconceitos, e não, sobre um relacionamento entre dois homens.

E sabe onde está a homoafetividade que eu falei no início e defendo até agora? Está em Han-gyeol. "Por que, Andye?" Porque ele se apaixona por Eun-Chan. "Ah, mas ela é mulher." Sim, mas ele e nem ninguém sabiam. Inclusive a avó de Han-gyeol gosta tanto do menino que o considera um neto. Yoon Eun-Hye (que eu nunca vi nada além de Coffee Prince) é excelente nesse papel e, vou te dizer, não tem como dizer que não é um menino. Veja abaixo:


Voltando ao que disse, Han-gyeol se apaixona pelo funcionário e essa fase, sim, é linda. Cheia de problemáticas, dúvidas, incertezas, preconceitos e sentimentos. A sensibilidade utilizada pelos autores, diretores e pelo próprio Gong Yoo são de tocar na alma. O dorama apresenta todas as fases dele, desde a negação à aceitação, as dúvidas em ser amado também, às problemáticas a serem enfrentadas diante da sociedade... enfim. Ele se assume gay e apaixonado pelo funcionário; ele se assume um homem que ama outro homem. Para mim, não poderia ser mais claro que isso.

E, por fim, ao se declarar ao amigo e funcionário, depois de todas as quebras de conceitos, de todas as lutas internas e das aceitações pelas quais passou, ele descobre que Eun-Chan na verdade é ela.


GENTE! Esse é outro momento cheio de sentimentos e é de uma delicadeza e sensibilidade excepcionais. Sabe o que Han-gyeol faz? Ele se revolta e não aceita. E nem teria como. Ele passou um tempão em reflexão consigo mesmo até se admitir gay. Vai lá com toda coragem de enfrentar a avó, a sociedade e o mundo, se declara para o rapaz apto a assumir publicamente os seus sentimentos e ele fala que é ela... EU teria me revoltado também e ele passa mais um bom tempo de reflexão para desconstruir o que tinha construído até então.

Pensa só o estado da cabeça desse ser humaninho?

Mas tudo acaba bem, afinal, é uma comédia romântica coreana e claro que as coisas tendem a irem pelo lado positivo de sempre e eu não vou falar mais nada a respeito porque se você quiser saber o que acontece depois (meio clichê, mas bem bonitinho) da uma fuçada do Viki e no Dramafever que tem essa belezura de Coffee Prince lá (com outros oppas gatinhos e mais histórias de superação inspiradoras). E olha, um dos beijões mais beijão que eu já vi nos doramas...


Trailer

OST

Dados técnicos
Drama: Coffee Prince
Romanização: Kapi Peurinseu 1hojeom
Hangul: 커피 프린스 1호점
Diretor: Lee Yoon-Jung
Diretor assistente: Jang Joon-Ho
Escritor: Lee Jung-A, Jang Hyun-Joo
Emissora: MBC
Episódios: 17
Ano: 2007
Língua: coreano
País: Coreia do Sul

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